Novas Histórias

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Foto de Ju Vinagre

domingo, 21 de setembro de 2014

264º Dia: A Flor e o Espinho


                 Antes de arquitetar a flor, o criador testou vários mecanismos de defesa para ela. Primeiro pendurou em seu caule bolhas cheias de um líquido fedorento. Só que quando estouravam essas bolhas o invasor ia embora, fugindo do insuportável fedor, mas a pobre flor ficava empesteada com aquele cheiro pra sempre, perdendo todo seu perfume. Entre as tantas tentativas, o criador teve a ideia de pendurar sininhos no caule da flor para que quando fosse atacada os tais sininhos alertassem os cães de guarda da flor. Acontece que os cães estabanados expulsavam o inimigo, mas pisoteavam toda a pobrezinha. Outra tentativa foi eletrocutar o caule, mas as descargas elétricas só faziam cócegas nos seres maiores e torravam os insetos polinizadores. Os espinhos só passaram a existir para a flor porque numa época passada o romantismo estava em alta e muitos amantes sem dinheiro passaram a roubar as flores do jardim do criador para presentearem suas amadas. Era tudo muito lindo, mas também muito fácil. Se o amante precisava ser carinhoso para tocar a sua amada, ele precisaria também ser carinhoso para arrancar a rosa, ou sairia com as mãos cortadas. A ideia da aerodinâmica afiada do espinho veio de um dia num futuro muito depois da flor em que o criador arranhou a perna na quilha de uma prancha de surf que estava fincada na areia da praia.

Música do Dia: Kukukaya (Jogo da Asa da Bruxa) (Xangai).

Bicho do Dia: Macaco (0465).
Filme da Semana: Precisamos Falar Sobre Kevin (Lynne Ramsay).

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